sábado, 31 de janeiro de 2015

ARRITMIAS DE MIGUEL SILVESTRE

 












…Arritmias…

 de Miguel Silvestre



O coração é a porta para a nossa imortalidade. O ritmo do próprio tempo… É ele que marca o compasso da vida. É ele que tempera o amor… É ele que dá sentido ao amor quando nos diz para corrermos para os braços de quem amamos, ou obrigando-nos a caminhar mais devagar…

A.D.



LUX


«(...) E das trevas se fez a luz

E da luz se fez a matéria

E do pó se fez o homem

E da mulher se fez a criança

E era assim…

No princípio dos tempos (...)»

 

Joseph Joachim

in «versa»



A (P)oesia é sentimento intenso. É desejo e ansiedade… É alegria e sofrimento… É esperança, amor, paixão… É celebração da vida e carpir da morte, é criatividade… A ARTE poética é sublime na sua essência. É uma expressão sublime da personalidade de quem a escreve. Reflectindo nos versos aquilo que os próprios poetas são. Como se o papel fosse um espelho onde o poeta se observa e depois coloca em imagem escrita num outro papel mais verdadeiro, tudo aquilo que está a sentir. Todos os medos e angústias, todas as alegrias e frustrações. Como catarse, como elemento LIBERTADOR que aliviará as penas de quem escreve, por uma outra pena que faz fluir o seu próprio sangue, em forma de tinta, marcando assim o papel com o seu próprio espírito e alma sofredora.

Contudo ser poeta é muito ingrato. Nunca vi como hoje tanta gente a escrever e tão poucos que dizem que gostam de poesia.

Quando pergunto aos jovens se gostam de poesia, franzem o sobrolho, torcem o nariz e dizem: - Isso?... Nhaaaá… Não muito. Não é a minha onda!

Outras pessoas há, que olham para os poetas como inúteis. Como uns preguiçosos que nada fazem. Que não querem trabalhar. Uns seres improdutivos que vivem às custas de quem se esforça e trabalha à séria.


«O homem não nasce para trabalhar, nasce para criar, para ser o tal poeta à solta.»

Agostinho da Silva

http://www.citador.pt/frases/o-homem-nao-nasce-para-trabalhar-nasce-para-cria-agostinho-da-silva-19427


«(…) É Inútil Tudo

 

Chega através do dia de névoa alguma coisa do esquecimento, 

Vem brandamente com a tarde a oportunidade da perda. 
Adormeço sem dormir, ao relento da vida. 

É inútil dizer-me que as ações têm conseqüências. 
É inútil eu saber que as ações usam conseqüências. 
É inútil tudo, é inútil tudo, é inútil tudo. 

Através do dia de névoa não chega coisa nenhuma. 

Tinha agora vontade 
De ir esperar ao comboio da Europa o viajante anunciado, 
De ir ao cais ver entrar o navio e ter pena de tudo. 

Não vem com a tarde oportunidade nenhuma. (…)»

Álvaro de Campos, in "Poemas" 
Heterónimo de Fernando Pessoa 

http://www.citador.pt/poemas/e-inutil-tudo-alvaro-de-camposbrbheteronimo-de-fernando-pessoa



Contudo a poesia não é inútil. É curativa…!!...

 

Mas atenção. A poesia é como um medicamento.

Tem de ser usada nas doses certas e correctamente aplicada de acordo com a circunstância de cada um…!!...

 

Os projectos de LEITURA envolvendo (P)oesia podem ser aplicados com muito sucesso em instituições que trabalhem a doença mental, em populações seniores, envolvendo crianças e acima de tudo como processo de auto-ajuda, promovendo o bem estar bio psíquico e social do indivíduo.

 

As ARRITMIAS de Miguel Silvestre são isso mesmo. Um projecto de auto-ajuda, que nasceu de uma necessidade de desabafar. Encontra pois nestes poemas, aqueles que eventualmente serão adequados à tua circunstância. À tua angustia. Lê doseando a tua leitura e observando ao mesmo tempo os efeitos que os poemas têm em ti.

Se te sentires instável, se sentires o coração bater demasiado depressa, para imediatamente de ler e consulta o teu médico de família. Se a opinião dele não te satisfazer, lembra-te que é um dos direitos do doente pedir a outro médico uma segunda opinião.

Mas antes de leres estes poemas e qualquer poema. Conhece os teus direitos enquanto leitor. Direitos esses que devem de estar presentes sempre na tua mente:                            


«Os Direitos Inalienáveis do Leitor

1

O Direito de Não Ler

 

2

O Direito de Saltar Páginas

 

3

O Direito de Não Acabar um Livro

 

4

O Direito de Reler

 

5

O Direito de Ler não Importa o Quê

 

6

O Direito de Amar os “Heróis” dos Romances

 

7

O Direito de Ler não Importa Onde

 

8

O Direito de Saltar de Livro em Livro

 

9

O Direito de Ler em Voz Alta

 

10

O Direito de Não Falar do Que se Leu

 

PENNAC, Daniel —Como um romance. Porto: Edições Asa, 1993»

 

 

Não leres poesia é um direito teu…!!...

Mas não sabes o que perdes…